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Como o Covid-19 afectou o mercado de casamentos em Portugal

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A pandemia de Covid-19 afectou todos os sectores de actividade em Portugal, com especial relevância para aqueles relacionados com eventos sociais, tais como os casamentos. Fica aqui a histórias de como tentei fazer algo em relação a isso!

Contexto histórico da pandemia no início de 2021

Há cerca de um ano atrás, no início de 2021, estávamos a chegar ao final de um ano de pandemia – 12 meses de muita incerteza e algum medo, com pouco trabalho na área de fotografia social, muito particularmente nos casamentos. Estávamos a chegar ao ponto em que se tornava cada vez mais óbvio que a pandemia estava para durar, os números de infeções e internados estavam a subir vertiginosamente e tudo indicava que o mais um ano estava perdido. Voltei a fazer contas à vida, a preparar-me para dias piores. Será que teria que mudar de área de negócio e deixar completamente a fotografia? De um modo mais geral, será que os meus colegas estavam na mesma situação?

Quão difícil foi a pandemia de Covid-19 para os profissionais dos casamentos?

Procurei por todas as notícias acerca de casamentos, que me pudessem dar uma ideia do verdadeiro impacto no sector. Mas aparte alguns artigos de opinião, não havia dados concretos sobre o verdadeiro impacto da pandemia. Em conversa com outros profissionais do sector dos casamentos, fiquei com uma ideia geral – mas com plena consciência que estava a formar uma imagem muito incompleta na minha cabeça. A minha rede de contactos é principalmente de fotógrafos na região de Lisboa. Como é que outros fornecedores se estariam a safar? Por exemplo DJs, floristas, wedding planners, maquilhadoras, quintas, entre tantos outros. E de que forma é que a zona geográfica estaria a afectar mais ou menos cada uma destas áreas de actividade?

Estudo sobre o impacto da pandemia no mercado dos casamentos

Ao contrário de muitos outros países europeus, em Portugal não existe uma associação dos trabalhadores da indústria dos casamentos. Já se falou muito em começar esta associação, alguns passos dentro de alguns círculos nesse sentido, mas ainda sem resultados concretos. Na ausência de uma associação que nos represente, também não há uma “cola” que nos une e que saiba concretamente o estado dos profissionais do mercado.

Foi por essa razão que, em Janeiro de 2021, falei com vários profissionais ligados aos casamentos e decidimos avançar com um estudo abrangente sobre o sector. Queríamos saber as dificuldades pelas quais os profissionais passaram, quantos tinham plano B, quais as faixas etárias mais afectadas, quantos as famílias completamente dependentes da indústria dos casamentos, áreas geográficas, etc.

Em conversa com a Nicole Sanchez, planeámos de que forma poderíamos tornar este estudo numa realidade. Decidimos criar uma equipa que nos pudesse ajudar. Pouco tempo depois conseguimos juntar os seguintes profissionais:

Lançámos um questionário online que esteve acessível durante 3 semanas, durante o dia 13 de fevereiro e 5 de março. Contactámos directamente os profissionais a pedir que preenchessem o questionário. Para isso usámos os vários directórios a nível nacional, tais como o Casamentos.pt, ZankYou e Simplesmente Branco, para além daqueles que conhecíamos pessoalmente. Em muitos casos contactámos as pessoas directamente, para tentar aumentar a nossa taxa de sucesso com as respostas.

Resultado do estudo

Pouco tempo depois de recebermos as respostas, publicámos os resultados no site http://www.somoscasamentos.pt/

Obtivémos um total de 404 respostas, que consideramos ser bastante representativo das diferentes áreas do sector a nível nacional. O estudo completo pode ser visto no seguinte endereço, que também está listado no site: https://docsend.com/view/nhupgfdby3ca649c

Fica aqui o resumo que pode ser lido no final do documento:

“CONCLUSÕES

Os resultados do preenchimento do inquérito são inequívocos: a pandemia de Covid-19 teve um impacto profundo nos fornecedores do sector dos casamentos!

Em cada 10 fornecedores, 7 tiveram uma quebra de facturação superior a 75%! Num sector composto maioritariamente por microempresas ou pessoas individuais (freelancers) a capacidade de resistir a tamanha quebra de facturação é bastante limitada. De facto, 28% tiveramq ue cortar ao máximas nas despesas para conseguirem continuar.

No etnanto, apenas 4% dos fornecedores respodneram estar no limite, a não conseguir pagar as contas ao banco, pôr comida na mesa ou ter que vender bens. Os outros 0.5% abriram falência. Apesar de cada caso destes ser trágico, é bom saber, com este estudo, que este número corresponde a apenas 4.5% do total de fornecedores.

O início de 2021 está a revelar-se igualmente penoso: 72% dos inquiridos já tiveram, à data de conclusão do inquérito, casamentos adiados para 2022 e 34% tiveram cancelamentos. Estes dados indicam que os danos no sextor ao longo do último ano estão a ser agravados com a 3ª fase da pandemia e respectivo confinamento. Por estas razões e devido à imprevisibilidade da evolução da pendemia no panorama nacional, europeu e mundial, é expectável que este impacto se mantenha e possa eventulamente agravar num futuro próximo, a não ser que eseja mtomadas medidas de proteclão deste sector.”

E no início de 2022?

Passou quase um ano desde que o estudo foi feito. Que eu tenha conhecimento, não foi feito mais nenhum estado entretanto. Apesar disso, posso dar uma ideia de como correu o ano de 2021 na área dos casamentos, tanto por experiência própria como pelo contacto com outros profissionais do sector.

2021 terá sido um ano melhor para o mercado de casamentos que 2020, mas ainda longe dos níveis de 2019. Mesmo quando a maioria da população já estava vacinada, notou-se os casamentos passaram a ter, em média, um menos número de convidados. Muitas festas e refeições foram feitas na rua (algumas tiveram, infelizmente, direito a chuva).

Com o final do 2º confinamento comecei a sentir imediatamente interesse de clientes particulares e empresariais. Comecei a ter trabalho em Maio, que foi aumentando gradualmente até ao final do ano. O mercado dos casamentos pareceu respirar fundo no final do Verão, quando uma boa parte da população adulta já estava vacinadas. Houve muitos casamentos marcados de última hora, muitos outros adiados, para os meses de Setembro-Outubro-Novembro. Uma Wedding Planner disse-me que nunca tinha tido um Setembro tão cheio como em 2022. Um DJ disse-me, em Dezembro, que nos vários anos em que trabalhou no ramo nunca tinha feito casamentos em Dezembro.

Em Janeiro de 2022 tudo indica que a pandemia passará a endemia em breve. Esperamos que tão cedo quanto possível, para que tenhamos um Verão de regresso à normalidade. Bem sei que a pandemia trouxe um “novo normal”, mas não é por esse que espero! Quero o “antigo normal” ou, como eu lhe chamo, o “normal normal”.

Se veio parar a esta página à espera de encontrar mais fotografias, recomendo que veja o meu primeiro casamento de 2021, ainda com bastantes máscaras e em que o jantar foi realizado na rua: Casamento da Inês e do João na Quinta dos Machados

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